Oi meu bebê lindo,
Quando eu percebi que não conseguiria te escrever toda semana, eu falei para o seu pai que eu decidi te contar os fatos mais bonitos e importantes do período que eu "ficaria longe daqui" . É essa a memória que eu quero que você tenha dessa época e também são esses os momentos que eu e PR queremos guardar. Por isso, hoje eu deveria te contar sobre as nossas duas últimas semanas do ano de 2014, mas quando eu lembro desses dias, o que me leva a suspirar de alegria e faz o meu coração bater mais forte foram dois acontecimentos muito especiais que conquistamos no mesmo dia: o seu primeiro um quilo e a primeira vez que eu e seu pai vimos e tocamos em você juntos.
Como eu te falei, você nasceu com 760g, meu amor, mas depois você perdeu um pouco de peso e chegou a 695g. E numa UTI neonatal - o local onde você está agora sendo muito bem cuidado - o desejo e a expectativa por cada grama é muito grande. É que lá no hospital (e em quase todos os outros), um bebê só pode sair desse local quando atinge entre 1.800kg e 2kg. Por isso, todos os dias as tias em forma de anjo pesam os bebês e eu sempre perguntava o seu peso. Só que bebês prematuros ganham peso muito devagar e você ainda foi um prematuro extremo, filho. Ou seja, nasceu com menos de 1kg e isso torna tudo ainda mais difícil. E eu juro que eu estava tentando lidar numa boa com as perdas de suas gramas , Cauê. Como algo que faz parte da prematuridade e tal, mas com o passar - lento - do tempo, eu fiquei cada vez mais aflita e ansiosa com isso. É que cada grama a menos é como se fosse um tempo a mais para continuarmos distantes fisicamente e isso é ruim demais de sentir, filho.
Por isso, eu passei a perguntar o seu peso só uma vez por semana. Assim eu só saberia a média da semana e não acompanharia tanto as perdas. Mas o seu pai continuou sabendo todos os dias e após 37 dias, você chegou no tão sonhado 1kg. Três dias antes o seu peso era 995g. Nesse dia eu tive que sorrir....você não podia ter ganho cinco graminhas a mais? Sua pediatra Dra Karla e as tias da UTI disseram que você estava tirando onda com a gente. Mas não, você não podia ter ganho mais cinco graminhas porque o seu ritmo, o seu tempo é outro e todos nós temos que aprender a respeitar e a lidar bem com isso. E nós estamos aprendendo, bebê lindo. Pode ter certeza disso!
Você esperou o último dia do ano para atingir esse marco em nossas vidas, Cauê: 31 de dezembro de 2014 foi um dia de festa. Como de costume, nós chegamos no hospital e eu fui tirar leite pra você e o seu pai foi te ver. Cinco minutos depois, eu recebi uma mensagem dele com a notícia: 1kg!! Eu pulei sentada na cadeira, filho. Comecei a chorar ali mesmo, sozinha, e agradeci a Deus. Quando saí da ordenha, eu e seu pai nos encontramos e nos abraçamos muito emocionados. E ao te ver, eu mal conseguia te tocar, meu amor. Eu estava tremendo de tanta alegria. Na hora do almoço, nós saímos do hospital e compramos uma mini torta e uma vela com o número 1 pra comemorar com os seus avós, padrinhos, sua bisavó Lídia e sua tia avó Peta. Foi tão lindo, filho. Todo mundo pulando, chorando de alegria....uma emoção tão gostosa de sentir.
E à noite, eu, seu pai e sua dinda Dani voltamos para o hospital para passar o reveillon com você. Sim, mesmo sem poder te ver, a sua dinda foi com a gente só pra ficar mais perto de ti. E filho, talvez hoje, ao ler esse texto, você já perceba o quanto a sua dinda é "disputada". Dani teria uma dezena de lugares com festas e fogos pra passar o reveillon, mas ela quis ficar com a gente, bebê. E essa foi a primeira grande prova de amor dela por ti. Eu fiquei muito tocada com a atitude dela e se é que era possível, eu acho que passei a amá-la ainda mais.
E nós fizemos a nossa festa no hospital, pois além de nós, outros pais de bebês da UTI também decidiram ficar com seus filhos na chegada de 2015. Aí na foto acima estão Letícia e Neto (pais de Duda), Ronailda e Hermanny (pais de Hermanny Filho) e Giselle e Nino (pais de Henrique). Cada casal ficou responsável por levar alguma comida e bebida e fizemos uma verdadeira ceia. Depois eu vou escrever um texto só pra te falar deles e da amizade que criamos pela dor e pelo amor por vocês. Antes das 22hs estavam todos lá, conversando, comendo e felizes, filho. Vocês estavam vivos e lutando pela vida e isso era tudo que importava pra gente naqueles últimos instantes do ano. E assim, quinze minutos antes da meia noite, o hospital, numa decisão inédita, deixou os pais entrarem juntos na UTI e ficarem com seus bebês por meia hora. Eu e PR não te colocamos nos braços, mas tocamos em você. Cada um numa janela da incubadora com as nossas mãos se encontrando e te curtindo . Foi tão mágico, meu amor. Eu desejei tanto esse dia!!
Perto da meia noite, as tias em forma de anjo disseram palavras lindas e a médica de plantão, Dra. Adriana, disse que nunca tinha vivido aquilo em muitos anos de profissão e que tinha certeza que todos sairiam vencedores dali porque vocês eram verdadeiros guerreiros. Todos nós oramos, choramos e desejamos feliz ano novo uns aos outros. Eu fiquei arrepiada do início ao fim, meu amor. Havia uma energia muito linda ali dentro. Eu nunca esquecerei dessa noite. Nunca!! E 2014 terminou com um saldo de alegria e gratidão, filho. Foram dias muito difíceis, mas você estava ali. Nós sabemos que a jornada será longa, Cauê. Eu não sei quando será o dia em que eu vou te trazer pra casa, mas podemos olhar o lado bom: nós estamos vivos e juntos. E eu e o seu pai estamos e estaremos sempre ao seu lado, meu amor. E assim continuaremos "desde o fim até o começo".
Como eu te falei, você nasceu com 760g, meu amor, mas depois você perdeu um pouco de peso e chegou a 695g. E numa UTI neonatal - o local onde você está agora sendo muito bem cuidado - o desejo e a expectativa por cada grama é muito grande. É que lá no hospital (e em quase todos os outros), um bebê só pode sair desse local quando atinge entre 1.800kg e 2kg. Por isso, todos os dias as tias em forma de anjo pesam os bebês e eu sempre perguntava o seu peso. Só que bebês prematuros ganham peso muito devagar e você ainda foi um prematuro extremo, filho. Ou seja, nasceu com menos de 1kg e isso torna tudo ainda mais difícil. E eu juro que eu estava tentando lidar numa boa com as perdas de suas gramas , Cauê. Como algo que faz parte da prematuridade e tal, mas com o passar - lento - do tempo, eu fiquei cada vez mais aflita e ansiosa com isso. É que cada grama a menos é como se fosse um tempo a mais para continuarmos distantes fisicamente e isso é ruim demais de sentir, filho.
Por isso, eu passei a perguntar o seu peso só uma vez por semana. Assim eu só saberia a média da semana e não acompanharia tanto as perdas. Mas o seu pai continuou sabendo todos os dias e após 37 dias, você chegou no tão sonhado 1kg. Três dias antes o seu peso era 995g. Nesse dia eu tive que sorrir....você não podia ter ganho cinco graminhas a mais? Sua pediatra Dra Karla e as tias da UTI disseram que você estava tirando onda com a gente. Mas não, você não podia ter ganho mais cinco graminhas porque o seu ritmo, o seu tempo é outro e todos nós temos que aprender a respeitar e a lidar bem com isso. E nós estamos aprendendo, bebê lindo. Pode ter certeza disso!
Você esperou o último dia do ano para atingir esse marco em nossas vidas, Cauê: 31 de dezembro de 2014 foi um dia de festa. Como de costume, nós chegamos no hospital e eu fui tirar leite pra você e o seu pai foi te ver. Cinco minutos depois, eu recebi uma mensagem dele com a notícia: 1kg!! Eu pulei sentada na cadeira, filho. Comecei a chorar ali mesmo, sozinha, e agradeci a Deus. Quando saí da ordenha, eu e seu pai nos encontramos e nos abraçamos muito emocionados. E ao te ver, eu mal conseguia te tocar, meu amor. Eu estava tremendo de tanta alegria. Na hora do almoço, nós saímos do hospital e compramos uma mini torta e uma vela com o número 1 pra comemorar com os seus avós, padrinhos, sua bisavó Lídia e sua tia avó Peta. Foi tão lindo, filho. Todo mundo pulando, chorando de alegria....uma emoção tão gostosa de sentir.
E à noite, eu, seu pai e sua dinda Dani voltamos para o hospital para passar o reveillon com você. Sim, mesmo sem poder te ver, a sua dinda foi com a gente só pra ficar mais perto de ti. E filho, talvez hoje, ao ler esse texto, você já perceba o quanto a sua dinda é "disputada". Dani teria uma dezena de lugares com festas e fogos pra passar o reveillon, mas ela quis ficar com a gente, bebê. E essa foi a primeira grande prova de amor dela por ti. Eu fiquei muito tocada com a atitude dela e se é que era possível, eu acho que passei a amá-la ainda mais.
E nós fizemos a nossa festa no hospital, pois além de nós, outros pais de bebês da UTI também decidiram ficar com seus filhos na chegada de 2015. Aí na foto acima estão Letícia e Neto (pais de Duda), Ronailda e Hermanny (pais de Hermanny Filho) e Giselle e Nino (pais de Henrique). Cada casal ficou responsável por levar alguma comida e bebida e fizemos uma verdadeira ceia. Depois eu vou escrever um texto só pra te falar deles e da amizade que criamos pela dor e pelo amor por vocês. Antes das 22hs estavam todos lá, conversando, comendo e felizes, filho. Vocês estavam vivos e lutando pela vida e isso era tudo que importava pra gente naqueles últimos instantes do ano. E assim, quinze minutos antes da meia noite, o hospital, numa decisão inédita, deixou os pais entrarem juntos na UTI e ficarem com seus bebês por meia hora. Eu e PR não te colocamos nos braços, mas tocamos em você. Cada um numa janela da incubadora com as nossas mãos se encontrando e te curtindo . Foi tão mágico, meu amor. Eu desejei tanto esse dia!!
Perto da meia noite, as tias em forma de anjo disseram palavras lindas e a médica de plantão, Dra. Adriana, disse que nunca tinha vivido aquilo em muitos anos de profissão e que tinha certeza que todos sairiam vencedores dali porque vocês eram verdadeiros guerreiros. Todos nós oramos, choramos e desejamos feliz ano novo uns aos outros. Eu fiquei arrepiada do início ao fim, meu amor. Havia uma energia muito linda ali dentro. Eu nunca esquecerei dessa noite. Nunca!! E 2014 terminou com um saldo de alegria e gratidão, filho. Foram dias muito difíceis, mas você estava ali. Nós sabemos que a jornada será longa, Cauê. Eu não sei quando será o dia em que eu vou te trazer pra casa, mas podemos olhar o lado bom: nós estamos vivos e juntos. E eu e o seu pai estamos e estaremos sempre ao seu lado, meu amor. E assim continuaremos "desde o fim até o começo".
Eu te amo, meu bebê lindo. Incrivelmente, cada dia mais.
Momento magico e inesquecível! Beijo enorme!!
ResponderExcluirSempre choro com seus textos. Deus abençoe vcs. Força Caue.
ResponderExcluirDyne, Dinoca, Pipoca! Quando as coisas foram fáceis prá nós? Sempre muito empenho, comprometimento, muita luta, estudo, trabalho e muito amor também! Em frente, pro alto e prá cima. Turú-turúuuuuuu, atacaaaaaarrrrrrrrr Dá-lhes Cauê! Guerreirinho do vô!
ResponderExcluir