quinta-feira, 27 de novembro de 2014

E você chegou....

Oi meu amor,

Quando a mamãe teve a ideia de criar esse blog, a intenção era escrever até a tua chegada, afinal, o nome do blog é "enquanto espero, eu tenho guardado o meu amor". E esta é a primeira vez que eu escreverei aqui sem esperar por você, pois você já chegou. Você chegou prematuro, meu amor. Prematuro é como os médicos chamam os bebês que nascem antes do tempo. Na contagem dos homens ainda faltavam dois meses pra você vir, mas na contagem de Deus o tempo certo era esse. Por que? A mamãe ainda não sabe te dizer.

Você chegou com 760 gramas, Cauê, bem pequenininho e ainda assim sobreviveu a um parto muito difícil com a mamãe. Seu pai esteve com a gente o tempo todo e também foi um guerreiro em ter ficado ao nosso lado, ter visto o estado em que eu e você ficamos e não ter podido fazer nada pra nos ajudar . Mas nós três sobrevivemos, meu amor. Nós estamos vivos e juntos.

Eu sonhei tanto com esse momento, meu amor. Eu e seu pai pensamos na lista de músicas que íamos levar pra tocar no parto e eu já tinha até uns palpites de qual tocaria na hora exata da tua chegada. Eu queria ter tirado aquelas fotos de nós três juntos, mas acima de tudo, eu queria ter tocado e beijado você. Só que pela sua condição, os médicos tiveram que te levar logo de perto de mim e desde aquele segundo eu sinto um vazio, uma dor que sei que nunca serei capaz de esquecer.

Dia 24 de novembro logo será lembrado com alegria, meu amor. Eu te prometo isso, do fundo do meu coração. Hoje, 27 de novembro, eu tive que voltar pra casa e te deixar no hospital e eu trocaria todo o meu passado, tudo de melhor que eu já vivi nessa e em todas as outras vidas só pra te trazer comigo, Cauê. Eu mal vi seus olhos, meu filho, eu mal pude te tocar além de dentro de uma incubadora, mas eu te amo da maneira mais plena e infinita como eu jamais senti igual. Esses dias na maternidade foram dos mais difíceis que eu já vivi. Andar pelos corredores e ver os bebês com suas mães nos quartos, ver as famílias em festa no berçário e o meu caminho ser sempre o da UTI beirou o insuportável. Mas eu suportei. Eu, seu pai, seus avós Vera e Ary, sua tia Soraya, ...sem eles eu não teria conseguido.

Eu nem sabia que poderia amar e admirar mais o seu pai e além de você estar vivo, o único agradecimento verdadeiro que eu consegui fazer a Deus foi de ter permitido que eu passasse por isso ao lado de um homem como ele. Seu pai foi meu eixo, meu norte, meu guia, meu mentor, meu amigo, meu consolador, meu anjo em todos esses dias. Sem ele, definitivamente, eu não estaria aqui agora, Cauê. Nós somos uma família de guerreiros, meu amor. Você chegou na família certa.

Se a mamãe te disser que hoje eu estou bem, eu estarei mentindo pra você. Eu não consigo parar de pensar um segundo em você. Tudo que eu olho, sinto, vejo, imagino....é você. Eu e seu pai decidimos não nos prender em tempo algum dado pelos médicos. Você voltará pra nós, pra nossa casa, na contagem do mesmo cara que decidiu a sua vinda ao mundo: Deus. Será no tempo Dele que tudo acontecerá. E até lá, painho e mainha estarão naquele mesmo caminho da UTI todos os dias, com fé, esperança e coragem porque dias melhores virão.

Luta, filho. 
Nós vamos conseguir. 
A gente continua te esperando e guardando todo o nosso amor.

Nós te amamos!!

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Obrigada por ter ficado, filho

Oi filho!!!

Quanto tempo eu não apareço por aqui, não é? É que mainha e painho estavam super envolvidos com o teu chá de bebê aqui em Recife e a gente trabalhou tanto que todo o nosso tempo livre foi para isso. Depois eu quero fazer um texto só pra te contar como foi esse dia, meu amor. Eu tenho tanto pra te mostrar e te falar.

Mas hoje eu queria te contar sobre a outra razão pela qual a mamãe não apareceu mais por aqui depois do chá do bebê. É que mainha achou que fosse te perder, filho. E eu nunca senti tanto medo em toda a minha vida. Já passou. Nós, eu e você, já estamos bem, mas foram dias tão difíceis, Cauê, tão doídos, mas passou.

Um dia eu te contarei com detalhes como tudo aconteceu, mas hoje eu queria te contar o lado bom disso tudo, do amor que nos envolveu todos esses dias. Eu ainda não tinha a dimensão do quanto eu já amava você, Cauê. Eu já te amava, claro, mas não sabia o quanto até sentir o medo, o pavor de perder você. Eu sei que você pôde sentir, mas sei que não deve lembrar hoje quando poderá ler esse texto, mas tenha certeza, meu amor: você já era muito amado antes mesmo de nascer.

Mainha teve que ficar de repouso, sem trabalhar, sem poder fazer praticamente nada até descobrir o que estava acontecendo com nós dois e isso não foi fácil para mim. Seu pai foi e ainda tem sido um excelente dono de casa. Papai lava os pratos, coloca roupa pra lavar, estende, faz o jantar da gente....tudo sozinho e o melhor, com alegria, com bom humor. A gente sempre dividiu todas as tarefas aqui em casa, filho, com certeza ao ler esse texto você já deve ter suas tarefas também, mas ficou pesado pra ele sozinho e ele deu conta. Além de cuidar de mim, de me proteger, de sempre me lembrar que tudo ficaria bem. Obrigada, PR. Muito obrigada, meu amor.

Sua avó Vera e seu avó Ary tem sido os meus anjos de guarda. Todos os dias um dos dois passa aqui em nossa casa e leva mainha para casa deles pra cuidar de mim por lá. Sem falar que me levam a médicos, a exames, pra tomar vacina...como faziam quando eu era criança. Eu tenho atrapalhado tanto a rotina deles, mas é um exercício para mim também de paciência, de humildade. Nem tudo na vida acontece como queremos ou planejamos, filho, e é preciso saber se adaptar a isso com fé e bom ânimo. E é assim que mainha tem tentado se comportar porque sempre me dizem que você sente tudo que eu sinto e eu quero te proporcionar as melhores das sensações.

Sua tia Aya me liga sempre e já veio passar o dia aqui comigo e cuidar da gente. Sua bisavó Lídia me liga quase diariamente e ainda bem que seus 84 anos não permitem que ela fique cuidando de mim pessoalmente, pois ela me diz que se pudesse me "amarraria na cama" pra eu não fazer nada...rsrsrs. Sua avó Val me liga sempre de São Paulo pra saber de você. Hoje mesmo ela ligou dizendo que não vê a hora de ver teu rostinho e me deu várias recomendações de como lavar as tuas roupinhas de recém nascido...rsrsrs. E vários outros familiares e amigas da mamãe me procuram sempre pra saber de você, filho. 

No meio de todos os medos, angústias, dúvidas, eu percebi uma onda de amor tão grande, Cauê. Eu pude perceber o quanto que você é amado por tanta gente e isso é tão gostoso de sentir. Todo esse amor me deu uma responsabilidade enorme pra fazer tudo certo, cuidar da gente direitinho e tem dado certo. Hoje mainha recebeu o resultado do último exame pra saber como estamos e está tudo bem. Só mais alguns dias de repouso e o uso correto da medicação e nós dois poderemos voltar para a nossa vida normal, filho.

Foi muito válido tudo isso, meu amor. Mainha aprendeu muito, mas nada foi maior ou mais importante do que o amor. O meu amor e o do seu pai como pais do Cauê e de casal que se fortaleceu e se uniu ainda mais, do avô e avó do Cauê e pais de Sandryne, da tia do Cauê e irmã de Sandryne e de todas as pessoas que fizeram parte dessa energia tão bonita que nos manteve firmes e fortes e principalmente, juntos. Obrigada por ter ficado, filho. Eu quero você demais. Eu te amo demais.